Repercussão da Jornada 2015 do ITIPOA
A realização da Jornada do ITIPOA a respeito das “ Origens da Agressividade – da Causa ao Efeito ”, levou todos os participantes a aprofundar o estudo, debater e compartilhar saberes. Vários autores da psicanálise foram citados, entre eles: Freud, Winnicott, Bion, Green, Piera Aulagnier. Além de serem também consideradas as produções de artistas, fotógrafos, publicitários, filósofos, escritores entre outros que, dentro de suas respectivas áreas, muito contribuem para a compreensão deste tema.
Algumas considerações….
O psiquismo se estrutura a partir de um sistema dinâmico, num diálogo entre o corpo e o mundo. A agressividade está presente em todas as fases do desenvolvimento, tem um papel defensivo de autoconservação, de sobrevivência da espécie, podendo estar a serviço da vida ou da morte.
Todo o fenômeno humano é complexo, não existe um único fator que possa explicar a violência (agressividade destrutiva), sendo necessários diferentes olhares e abordagens: sociológicas, antropológica, psicológica, filosófica, etc.
As primeiras experiências emocionais da relação mãe-bebê influenciarão diretamente na transformação da violência primária (com função estruturante) e das angústias precoces.
Quando estas angustias forem insuficientemente acolhidas e metabolizadas poderão levar a criança ao maior uso dos mecanismos de projeção, expulsão violenta, atuação.
A insensibilidade de um agressor frente ao sofrimento causado ao outro pode estar relacionada a um comprometimento da capacidade de se colocar no lugar deste outro (empatia), a um colapso na capacidade de pensar. Desaparece a palavra, resta o ato, há presença da pulsão de morte livre, função desobjetalizante, narcisismo de morte, ausência de sentido.
Por outro lado, a progressiva internalização da função de proteção, assegurada pelo envolvimento materno, se constituirá no primeiro acompanhante interno que auxiliará a criança no controle e transformação da violência do impulso e na estruturação do pensamento, capaz de ler a si mesma e compreender os estados emocionais do outro. O bebê se identifica com a função alfa (Bion) da mãe e usará esta ferramenta no futuro, neste processo estariam as raízes da empatia. Ao crescer, frente as dificuldades, terá o recurso de se reinventar, de achar alternativas para as adversidades.
A intensidade observada no recém nascido, sua violência primária, relaciona-se a um instinto de sobrevivência. Uma necessidade vital, nem boa e nem má. Esta urgência desaparece se a tensão for atendida. O encontro com o objeto que satisfaz traz quietude, permite a transformação da pulsão destrutiva, caminho da integração, da humanização, da consciência civilizatória. Esta experiência feliz possibilita o sentimento de continuidade da existência. O amor e a compreensão fornecem o registro de um mundo estável, seguro.O estreitamento dos vínculos emocionais entre os homens, assim, atua contra a violência.
O desencontro, por sua vez, leva a ruptura do equilíbrio, ao excesso de tensão, ao desespero, ao vazio de significados, ao desamparo, a vivência de um terror sem nome. A partir de repetidos registros de desencontros se constrói o espaço para a expressão da barbárie, do ato violento, carente de urbanidade, de ligação, que não pode ser simbolizado.
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Psic. Kátia Hoffmann de Abreu – Docente, Supervisora e Coordenadora dos Cursos Breves – ITIPOA