Repercussão da atividade científica de maio
Nesta última sexta-feira, a atividade científica coordenada pela Comissão Científica do ITIPOA contou com a participação da Psican. Dra. Ivanosca Martini, do Dr. Sérgio Espinosa e da Psican. Paula Daudt Sarmento Leite na coordenação da mesa.
O trabalho apresentado pela Dra. Ivanosca Martini – “Um olhar psicanalítico em uma enfermaria de alto risco obstétrico” trouxe reflexões de como pode se dar o atendimento do psicanalista com gestantes de alto risco em uma unidade hospitalar. Este fazer se dá com a gestante e seu bebê e, também, com a própria equipe de profissionais.
Cabe ao psicanalista a disponilbilidade para escutar, acolher e sustentar a gestante com toda sua(s) história(s) (histórias geracionais), incluindo o bebê. Escuta de que? Escuta tanto da história verbalizada, quanto daquilo que não pode ser captado por palavras, pois se remete ao primitivo, às sensações, ao corpóreo…. àquilo que ficou sem costura na história, o vazio, o desconhecido, e que acaba se revelando através de sintomas naquela gestação. A doença se instala pela ruptura psique-soma, de modo que os sintomas aparecem no corpo, ficando a gestação ameaçada de seguir seu desenvolvimento.
O psicanalista, ao acolher e escutar, possibilita que as histórias anteriores ao nascimento do bebê venham à tona atraves de palavras. Assim, a história, ao ser colocada em palavras, não precisa mais ser atuada atraves dos sintomas. E para que o profissional possa se conectar com a gestante e com o feto, é primordial que ele se deixe tocar por esse universo primitivo sem palavras… universo das sensações e do corpóreo… nesta perspectiva, o psicanalista precisa estar disponível não só emocionalmente, mas como diz a Dra. Ivanosca, entregar-se visceralmente, fazendo uso de todos seus órgãos dos sentidos. Podemos dizer que ele empresta o seu corpo e sua mente para captar a história, captar o desconhecido. É poder escutar e sustentar esta narrativa para, num segundo momento, ao colocar em palavras para a gestante e o feto, propiciar a criação de uma história.
Assim como o bebê é acolhido no útero e na mente da mãe que o gesta…. essa dupla é acolhida na mente do psicanalista e de toda equipe. Dessa forma, o ambiente hospitalar (psicanalista/equipe) auxiliará a mãe a estar disponível para se conectar com sua história e com seu bebê.
Psic. Maria Alice Fernandes Vianna
Especialista em Psicoterapia Psicanalítica de Adultos – ICPT. Aluna do 2 Ano do Curso de Especialização na Teoria e Técnica de Intervenção na Relação Pais-Bebês – ITIPOA