Comentário sobre a Aula Inaugural do ITIPOA

COMENTÁRIO SOBRE O TRABALHO – MARCAS PARA VIVER, TEMPO DE NASCER, de Milene Wolff Muhle

AULA INAUGURAL ITI- 2015

Por  Beatriz Chwartzmann

 Em primeiro lugar, quero agradecer a comissão científica pelo convite. Sinto-me honrada por ocupar hoje este lugar por tratar-se da nossa aula inaugural e também por comentar o trabalho que ganhou o primeiro prêmio Bernardo Brunstein, que é um estímulo à escrita e à produção de trabalhos científicos.

Hoje iniciamos o ano com esta apresentação que atesta o nosso crescimento pelo trabalho conjunto de todos. Trata-se do trabalho realizado por uma aluna de um curso que ainda é novo, está na sua quarta turma, e esperamos que traga muitos frutos para nossa instituição, promovendo o ensino e a qualificação da prática clínica.

Também considero este encontro um momento especial, onde possamos, a partir da nossa origem comum que é a Psicanálise e sendo Freud seu fundador, seguir seu caminho, pois ele foi mais que o descobridor do inconsciente, mas um incentivador, desde seus primeiros escritos, para que nos inquietemos sempre. Sua mente inquieta e conquistadora fazia de cada descoberta um estimulante que compelia seu pensamento a um novo campo a ser investigado.

O novo campo psíquico, cheio de aspectos desconhecidos, que se abria então, o apaixonava mais do que saber o que acabava de adquirir. É por esta razão que a psicanálise não corresponde verdadeiramente às exigências de definição de uma teoria: seria mais apropriado designá-la como pensamento.

Assim concebido, o pensamento analítico seria o pensamento pertencente a nenhum autor – sendo Freud o descobridor genial de um modelo evolutivamente criador, mas não seu proprietário.

Graças a esta mente brilhante é que estamos hoje diante do trabalho da Milene, podendo apreciar os desenvolvimentos teóricos depois de Freud. Tenho certeza que se ele estivesse aqui hoje ficaria feliz de ver que seguimos seus ensinamentos e seu espírito aberto.

Confesso que me vi bastante emocionada diante deste convite, inclusive por se tratar de um trabalho elaborado pela Milene, colega que já conhecia de outra instituição e que tive o prazer de conviver e conhecer seu pensamento, suas inquietações e agora também mais da sua sensibilidade.

Quero ressaltar também que por se tratar de um trabalho de uma psicoterapeuta de adultos, que nos brinda com um caso de um paciente adulto pensado a partir do curso de especialização de teoria e técnica de intervenção na relação pais-bebês, já nos transmite por si só que conhecer com profundidade os aspectos do desenvolvimento emocional primitivo à luz também de outras ciências como refere a autora é fundamental para todos que trabalham com pais-bebês, crianças, adolescentes e adultos, assim como profissionais de outras especialidades, com os quais temos tido o privilégio de conviver no curso, como pediatras, nutricionistas, médicas, ultrassonografistas, além de psicólogos e psiquiatras que trabalham com pacientes e seu corpo e sua mente precisam estar presentes em “Nosso” pensamento.

Quando li o trabalho senti que estaria diante de uma tarefa bem difícil porque este trabalho poderia ser aproveitado em vários encontros, já que contempla praticamente toda teoria do desenvolvimento de Winnicott ou nos seus aspectos fundamentais.

Precisei fazer uma opção para que hoje pudéssemos conversar sobre alguns aspectos do trabalho e privilegiei dois assuntos que considerei instigantes e clínicos: o trauma do nascimento e as reflexões sobre a técnica propostas pela autora.

Em seu belo trabalho, a autora nos coloca diante de vários autores, contribuições teóricas que nos ajudam a construir um caminho, um novo olhar acerca do nascimento, na saúde e também no trauma compartilhado na situação analítica.