O psicoterapeuta psicanalítico e os desafios da pós-modernidade

O psicoterapeuta psicanalítico e os desafios da pós-modernidade
Por Mery Wolff, docente do ITIPOA

“A psicanálise é um ouvir atento
do silêncio que mora nos interstícios das palavras,
a fim de ouvir o que não foi falado.”

Rubem Alves
Vivemos épocas de grandes e rápidas mudanças que nos convocam a responder às demandas de nosso dia a dia da mesma forma.

A pós–modernidade, caracterizada, entre outras coisas, por uma maior liberdade propiciada pela falência de um modelo único, pode ser vivida como uma libertação ou como uma falta de referenciais que produz uma sensação de insegurança.

Questionamos-nos sobre o quanto esses sentimentos revelam realmente o que se passa em nosso mundo interno e/ou o quanto diz de nossas necessidades, anseios e também o quanto estas nos deixarão com a sensação de satisfação e plenitude.

Esse sentimento obriga cada um a encontrar seu próprio caminho. O sofrimento está ligado às experiências do vazio, por um lado, e o das experiências com a violência pulsional que perpassa as relações intersubjetivas por outro. Em qualquer um destes polos, o sofrimento está intimamente ligado as formas de ser do indivíduo.

Sentimos que, nesse panorama da pós-modernidade, o aparelho psíquico vem perdendo substância – como afirma Marion Minerbo ao designar essa sensação como uma anemia psíquica, fruto da miséria simbólica a que o sujeito está exposto e que desemboca em quadros psicopatológicos.

Por outro lado, questionamo-nos também sobre nosso papel na sociedade e sobre a contribuição que podemos dar ao mundo enquanto seres humanos e enquanto profissionais e, nesse sentido, qual a importância de nos conhecermos e refletirmos sobre nós mesmos.

A psicanálise nos propõe a reflexão, a escuta, o olhar para dentro de nós mesmos em busca, não de respostas, mas de formas de pensar e de viver nossas experiências de maneira criativa.

Para isso o ITIPOA se propõe a ser uma especialização que envolve os aspectos teóricos, técnicos e de desenvolvimento da pessoa do terapeuta de forma global. Um lugar de formação, mas acima de tudo um lugar onde possamos, além de aprender psicanálise, nos tornar seres humanos capazes de ouvir nas entrelinhas do diálogo psicoterapêutico o sofrimento e a demanda daquele outro que nos procura em busca de alívio da dor psíquica.