A escuta na clínica psicanalítica

A escuta na clínica psicanalítica
por Beatriz Chwartzmann, docente do ITIPOA

A clínica em psicanálise depende inteiramente da escuta, que precisa ser construída ao longo da formação.

Como podemos escutar o bebê, a criança, a criança no adulto, o velho?

Essencialmente é isso, desde Freud – que escutava as pacientes histéricas de um jeito diferente – que diferencia um psicanalista de outros profissionais.
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A extensão do campo de atendimento na clínica psicanalítica, desde pacientes com funcionamento neurótico até os pacientes com funcionamentos mais regressivos, exige do terapeuta a extensão e sensibilidade nos modos de escuta.

Os saberes e práticas da psicanálise podem nos oferecer preciosos elementos para uma compreensão do que constitui uma forma especial de cuidado, que inclui a teoria e uma técnica apropriada para cada situação clínica particular.

A escuta envolve a possibilidade do paciente dar “sentido” à sua vida; ter uma experiência integrada de sua história, desde antes do seu nascimento, até os dias atuais.

Para tanto, a teoria nos apoia escutando os aspectos transgeracionais da história de cada um, conhecendo o desenvolvimento emocional primitivo, adolescência e vida adulta.

Muitas vezes cuidar é escutar, prestar atenção e, através desta escuta qualificada, oferecer presença viva e interativa. A escuta envolve compreender o modo específico como o outro está se sentindo, ajudá-lo a expressar suas emoções junto ao terapeuta.

Cada paciente precisa de uma resposta ajustada a ele, não uma resposta pronta para uso. A escuta analítica visa uma regulação emocional semelhante à que os bebês precisam e adultos também: alguém respondendo ao que efetivamente está acontecendo no momento, processando os sentimentos que estão presentes.

A falta de experiência em ter sentimentos reconhecidos e autorizados por outra pessoa particularmente os sentimentos fortes, podem ser supridas por um terapeuta sensível e empático.

Uma escuta qualificada passa pelo treinamento do terapeuta que poderá ser desenvolvida nos seminários teóricos, supervisão, observação de bebês, tratamento pessoal e outros recursos. Para que, através das próprias vivências, possa desenvolver os requisitos necessários à escuta das comunicações verbal e não-verbal, suportando o tempo necessário, o não-saber e ser capaz de promover um setting no qual talvez, pela primeira vez, o paciente possa confiar.

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