A Realidade Contemporânea e a Psicoterapia Psicanalítica

A Realidade Contemporânea e a Psicoterapia Psicanalítica
Por Kátia Hoffmann de Abreu, docente do ITIPOA

Vivemos hoje em um mundo sem fronteiras, sem contornos, marcado pela ausência de tempo para se investir nos vínculos, para  explorar a riqueza dos sentidos.

A realidade contemporânea, com sua urgência e seus excessos, se opõe a natureza do homem. Precisamos de tempo para solidificar nossos registros, para construir a alma, para sentir o afeto,  “se sentir sentido”… tempo para  viver um encantamento, para existir no olhar do outro, tempo para sofrer, amadurecer e aprender com a experiência.

Nos consultórios, os pacientes chegam com queixas de vazios emocionais, uma vida vivida no automático, sem brilho, objetivos, sonhos, sem narrativas. Vivem “ao vento”. Se utilizam de uma comunicação primitiva onde o corpo, muitas vezes adoecido, nos fala mais do que as palavras.

Neste contexto, a mente, a pessoa e a formação do psicoterapeuta psicanalítico ocupam, cada vez mais, um papel de extrema relevância. A atenção interessada, disponibilidade empática,  vida psíquica, constância, criatividade, humor, capacidade de sonhar, confiança na teoria psicanalítica, esperança… influenciam diretamente na história que será construída na relação terapêutica.

É esta nova história que terá uma ação transformadora no olhar do paciente sobre si mesmo e sobre sua vida.